23 de fevereiro de 2013

Será que o "promotor arte" está entrando em extinção?



Desde que iniciei minha carreira como promotor de vendas e isso foi em 1° de maio de 1993 pude perceber o quanto o trabalho desse profissional era importante. Aliás, quem atuou como promotor nos anos 90 (eram poucos diga se, de passagem) vai saber muito bem do que estou falando. Era uma "época de ouro", as lojas vendiam muito, não que não venda hoje. Acontece que não havia tantas lojas de rede e Hipermercados como há hoje, de modo que a venda se concentrava em lojas de 05 a 20 Check-outs.

 Mas talvez alguém poderia contestar: “Mas o primeiro Hipermercado foi inaugurado aqui no Brasil em 1976”. Sim foi mesmo uma loja do Carrefour no Rio de Janeiro, mas demorou para que o conceito  de hipermercado fosse adotado (Também não era fácil construir um Hiper como é hoje) ainda era novidade para o consumidor e existia muitas incertezas para esse formato de loja. Até existem boatos que diz que o perfil de loja Hiper nasceu aqui no Brasil. Dizem as más línguas que o Carrefour pediu um terreno para construir um supermercado e o governador na época cedeu um terreno gigantesco de mais de 10.000 M², daí nasceu o primeiro Hipermercado. Não sei se isso é lenda ou verdade, sei que o Carrefour realmente se instalou aqui no Brasil em 1976.

  Então por isso embora houvesse o crescimento, esse não aconteceu muito rápido. Só para termos uma ideia, 20 anos depois de inaugurar a sua primeira loja, havia 44 Lojas do Carrefour espalhadas em cidades “chaves”, ou seja, capitais e grandes centros, pouco em comparação com as mais de 500 lojas do grupo hoje (Esse numero inclui as marcas Carrefour, Atacadão e Dia). E não podemos esquecer que a quantidade de empresas hoje é muito maior do que era nos anos 90. Outro aspecto é que o numero de itens também não dá para se comparar. Só para termos uma noção um hipermercado pode conter mais de 60 mil itens divididos nas seções de mercearia, hortifrútis, carnes, aves, padaria, frios, lacticínios, têxtil, eletroeletrônicos entre outros. Enquanto uma loja de até 20 Check-outs pode conter até 10 mil itens e seções de mercearia, hortifrútis  bazar, carnes, aves, peixaria, padaria, frio e lacticínios.

Iniciei meu trabalho na época com a Mabel. Nosso “carro chefe” era as famosas rosquinhas Mabel. A linha de biscoito sempre foi muito rentável e nessa época vendia muito, me lembro de montar muitas ilhas com esse produto. Um detalhe nessa historia é que naquela época não havia treinamento para promotor, tínhamos que aprender na raça. Os primeiros trabalhos que fiz não eram muito atraentes, na verdade era apenas um amontoado de bolacha, como chamávamos na época. Isso quando não achávamos um sexto e abríamos as caixas e simplesmente despejávamos ali dentro o produto. Com o passar do tempo fomos observando que poderíamos melhorar aquilo. Começamos a fazer pilhas em “amarrações”, sim colocávamos os pacotes de maneira organizada numa base geralmente de madeira que ficava na ponta da gôndola e foi aí que nasceu a expressão “ponta de gôndola”. Colocávamos o biscoito ali em blocos de amarrações, pois não havia tabuas, como há hoje, apenas uma base e erguíamos aquela “pilha” o mais organizado possível para que não caísse. Descobrimos assim que cabia o dobro de caixas e já nessa pequena mudança que fizemos, o produto ficava organizado e com uma aparência mais atraente o que fazia vender ainda mais o produto. Então fomos soltando a imaginação e alem de fazermos a “ponta de gôndola” que era quadrada, começamos a colocar biscoito também onde achássemos espaços na loja o que passou a ser chamado de “ilha”.

E isso caiu nos ouvidos das empresas que começaram a notar que a arrumação do produto era mesmo um atrativo e começaram a desenvolver estudos e pesquisas a respeito disso e puderam ver o quanto era importante ter um promotor dentro da loja para desenvolver esse trabalho. E melhor ainda passaram a dar treinamento e incentivo para esses profissionais, tais como premiações para quem desenvolvessem trabalhos diferenciados. Foi aí que nasceu o “promotor artista” que alem de abastecer a mercadoria buscava maneiras criativas de chamar a atenção do cliente por meio de suas obras de arte dentro do PDV.

Mas infelizmente tenho notado que esse promotor artista corre o risco de entrar em extinção. Digo isso por que está cada vez mais difícil encontrar profissionais que se interessem em desenvolver trabalhos diferenciados. Mas isso não é culpa dos promotores que estão iniciando nessa atividade, as empresas não dão o treinamento necessário ou muitas vezes buscam mão de obra terceirizada em agencias que acha que a função do promotor é apenas repor mercadoria. (Não são todas agencias que tem esse pensamento e comportamento) E essas por sua vez também não treina o profissional e pior ainda pagam salários de fome. Agora eu pergunto, qual será a motivação desse promotor em realizar trabalhos diferenciados? Infelizmente essa é a triste realidade hoje em dia.

Mas é claro que nem tudo está perdido, é o que vemos quando visitamos o site www.pdvativo.com.br. Podemos notar que ainda tem muito promotor artista no PDV cabe a nós manter essa chama acesa. E podem estar certos que nosso objetivo é justamente esse, “Estimular a criatividade e o amor ao Merchandising”.

Por Edson Souza

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