26 de março de 2011

A Afobação dos Empreendedores Pode Ser Fatal

Escassez de recursos para investimentos em estrutura, carência e desconhecimento de mercado e falta de capital de giro, são os três principais motivos apontados pelos empreendedores para a alarmante estatística de “mortalidade infantil” das micro e pequenas empresas. Na verdade, todas essas alegações não passam de meias verdades, pois na raiz do problema está a falta de informações e de planejamento. Para nascer sadia, uma criança necessita de nove meses de gestação. Uma empresa deve ser “gestada” no mínimo por igual período, tempo este dedicado a muita busca de informações de mercado e de gestão.

A sociedade raramente nos prepara para o casamento ou para criar e educar filhos, por exemplo.  Da mesma maneira, muitos se metem a facão sem cabo na aventura de criar empreendimentos, tão preparados como uma barata a qual se pedisse para dançar tango. E aí, precisamente, reside a maior causa da desastrosa estatística de empresários falidos nos primeiros três anos de aventura pelo mundo dos negócios.

Não é só no trânsito que a afobação causa tantos acidentes, mas também na esfera sentimental, econômica, financeira e empresarial. As consequências do excesso de velocidade do aprendiz de empresário para abrir uma empresa e passar a “mandar no seu próprio nariz” são com frequência colaboradores desempregados e proprietários “desempresados”, além dos traumas e maus resultados para os indivíduos e para a sociedade como um todo, pois após o desastre ficam mais pobres.

O “fazejamento” deve ser substituído pelo planejamento. Não importa se você é empreendedor experiente ou “marinheiro de primeira viagem”. Colocar o planejamento e a busca de informações em primeiro lugar é o primeiro passo para ser bem sucedido. Se o caminho parece meio nebuloso, busque ajuda de quem sabe, pois consultoria há muito tempo passou de “artigo de luxo” para “artigo de primeira necessidade’.

As sobras são tão prejudiciais quanto as faltas. Em minhas visitas às empresas de todos os portes, tenho encontrado muitos excessos. É comum encontrar espaços e imobilizados ociosos, máquinas e veículos subutilizados, elevados estoques de materiais e funcionários fazendo pouco ou nada, verdadeiros objetos de decoração. E os descuidos não param por aqui! Nas indústrias iniciantes, com frequência não faltam resíduos e retrabalhos. Por isso, não é de se admirar da falta de recursos, pois estes além de escassos, muitas e muitas vezes são mal empregados. Sendo esta uma das causas da corrida desesperada aos bancos em busca de recursos. E nestes casos, banqueiros não são otários e não emprestam “grana” para quem não sabe administrar o seu próprio dinheiro.

Grande parte do mercado é formada por clientes que também desperdiçam, mas na hora de comprar não querem pagar pelos desperdícios alheios. Portanto, quem deseja atrair, conquistar e fidelizar clientes precisa fazer o “dever de casa”, racionalizando o uso dos recursos e buscando o máximo de produtividade, o que se só se consegue com muitas informações e planejamento.

Soeli de Oliveira é Consultora e Palestrante das áreas de Marketing, Vendas, Atendimento e Motivação do Instituto Tecnológico de Negócios. E-mail: soeli@sinos.net – Novo Hamburgo/RS.

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