16 de fevereiro de 2011

Plástico cresce 10% mas o déficit comercial dispara 47%


O setor de transformação de plásticos espera crescer 6% em 2011. Se essa previsão se confirmar, o faturamento das mais de 11 mil empresas registradas nessa atividade no Brasil somará R$ 45,6 bilhões, sobre o resultado de 2010. Apesar dos números vigorosos, a indústria vem enfrentando um problema que se agravou mais ainda em 2010 comparado ao ano anterior, o déficit na balança comercial do setor, que disparou 47,8% na comparação anual. Alcançou o valor mais alto registrado, US$ 1,358 bilhão.

No total, entre janeiro e dezembro do ano passado, o Brasil exportou R$ 1,475 bilhão em produtos plásticos transformados, um crescimento de 24,24% na comparação com 2009. Porém, as importações somaram R$ 2,833 bilhões, alta de 34,55% nesse mesmo período de comparação.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz, esse é o resultado da combinação entre o real valorizado ante o dólar, que reduz a competitividade da indústria brasileira, e do alto preço da matéria-prima nacional, que em comparação ao preço praticado na Ásia, chega a ser até 40% mais elevado. Além disso, aponta ele, a taxa de juros e a carga tributária nacional acabam elevando o custo do produto local ao consumidor.

"O setor vem apresentando uma balança comercial desfavorável há anos, mas esse desempenho foi acentuado nos últimos três anos e culminou com uma alta de mais de 40% em 2010", afirmou Roriz.

Monopólio

O executivo aponta as condições macroeconômicas como uma das responsáveis por este desempenho setorial e o alto custo das resinas, que são fornecidas basicamente por uma empresa petroquímica no mercado brasileiro, a Braskem.

A preocupação do setor com o custo da matéria-prima levou representantes da entidade a se reunir com um conselheiro do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), no início do ano, para discutir a situação de monopólio que a aquisição da Quattor pela petroquímica que é controlada pela Odebrecht - mas que tem a Petrobras como acionista de relevância - traria ao mercado nacional.

Em seu pleito, a Abiplast requer que o Cade condicione a aprovação da operação à retirada das medidas de defesa comercial pela Braskem, a revogação de cláusulas de exclusividade em contratos de fornecimento entre a Braskem e fornecedores estrangeiros e a proibição da discriminação dos clientes que importam ou decidam importar resinas. A entidade pede ainda a redução da tarifa de importação às resinas termoplásticas, de 14% a 16%%, já que a maioria das empresas, por serem de pequeno porte encontram dificuldades ao tentar o acesso às importações desse produto.

Roriz disse à época que a consolidação da posição da Braskem como único fornecedor local, sem algumas obrigações, poderia gerar efeitos nefastos ao mercado, prejudicando principalmente beneficiários de programas sociais do governo federal e consumidores de baixa renda. Segundo ele, esses são os principais vetores do crescimento projetado.

"Com o aumento da renda das classes C e D, um maior número de pessoas passaram a ter acesso a alimentos processados, que utilizam o plástico transformado em suas embalagens, além de outros produtos industrializados", disse.

Para ele, o mercado brasileiro ainda tem muito potencial de crescimento. Roriz baseia essa análise no consumo per capital de plástico transformado no Brasil. "Aqui a demanda ainda é muito baixa, o consumo em países desenvolvidos chega a ser seis vezes maior", afirmou o executivo, que aponta a construção civil e a indústria automobilística como fatores que podem levar a maior expansão setorial.
 
Fonte: DCI

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