15 de março de 2012

Pesquisa Nilsen mostra que investimos menos em produtos para casa em 2011



Investir em produtos pessoais mais caros, comer na rua e comprar itens de menor valor agregado para limpar a casa: esse é o perfil do brasileiro que, com o aumento da renda, passou a gastar mais consigo mesmo do que com a casa, segundo dados divulgados pela consultoria Nielsen.

Em 2009, 18,3% do orçamento das famílias era destinado para “abastecer o lar”. E essa fatia caiu para 14,6% em 2011. A verba foi redirecionada, principalmente, para comer na rua, investir em veículo próprio e comprar produtos da linha branca.

O brasileiro sofisticou o consumo nesses anos. Entre investir em um produto de limpeza caro ou em um cosmético, fica com a segunda opção. De acordo com Ramon Cassel, analista de mercado da Nielsen, o consumidor ainda não dá importância para produtos de limpeza com valor agregado. “A diferenciação para o consumidor não é clara”, diz ele, citando produtos como água mineral, arroz e álcool, em que dificilmente a compra é feita com base nas características do produto. A venda é feita basicamente por causa do preço. “É preciso criar mecanismo de marketing para explicar a diferença [entre o produto sofisticado e o simples].”

Cassel diz que a maior parte do faturamento de produtos para o lar provém de marcas de preço médio e baixo.

Em 2009, a alimentação fora do lar pesava menos de um quarto (22%) do que era gasto com comida; em 2011, custou quase um terço (30%) desses investimentos. O consumidor passou a comprar menos comida para cozinhar e a frequentar mais o “food service” (restaurante, padaria, pizzaria, lanchonete, etc).

Essa mudança de hábito também é percebida ao analisar a cesta Nielsen, que mostra a variação de volume no consumo de 131 produtos. Na média geral, o brasileiro consumiu 1,2% a mais em 2011 na comparação com 2010. No entanto, em mercearia salgada (arroz, óleo e boa parte da cesta básica) o volume recuou 0,9%; em limpeza caseira (sabão, lã de aço, etc), ficou em zero, não houve crescimento.

A cesta é dividida em sete categorias, e essas foram as únicas a não apresentar crescimento em volume no ano passado. Todos os outros grupos cresceram: bebidas alcoólicas (1,6%), bebidas não alcoólicas (1,8%), mercearia doce (0,7%), alimentos perecíveis (3,7%) e higiene e beleza (1,9%).

Há dois anos, o brasileiro gastava 1,4 vezes mais com o veículo próprio do que com o transporte público. Essa diferença aumentou para 1,9 vezes no ano passado - aí estão incluídos financiamento, pedágio, gasolina, estacionamento e tudo mais que envolve ser motorista.

Os gastos com eletrodomésticos subiram 27,8% entre 2009 e 2011. Durante alguns meses neste período o governo promoveu reduções de IPI para a linha branca.

Já os investimentos em manutenção da casa – que inclui aluguel, reformas e gastos com limpeza, entre outros – caíram 20% nos últimos dois anos.

Fonte: Valor Econômico

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