2 de fevereiro de 2012

As commodities estão novamente em alta




As commodities estão em alta novamente, recuperando-se acentuadamente das fortes quedas do final do ano passado, agora que os compradores ganham confiança de que os problemas da dívida na Europa não vão se descontrolar e destruir a demanda.

O cobre, o alumínio e outros metais industriais que podem servir como termômetros da atividade industrial deram saltos de dois dígitos em termos porcentuais em janeiro, puxados por ganhos de 29% no estanho.

Os metais preciosos também tiveram forte alta, com o ouro subindo 11% e a prata 19% em 2012. E os preços das culturas essenciais também estão subindo, com o milho em alta de 10% e o trigo de 15% desde meados de dezembro.

Os ganhos são uma reversão radical do quarto trimestre do ano passado, quando os preços das commodities despencaram junto com outros ativos de risco, à medida que cresciam as preocupações com os problemas da Europa. Em seus níveis mínimos de dezembro, o cobre e milho tinham caído 12% a partir de seus pontos máximos no trimestre; o petróleo tinha caído 9%, e o ouro, 14%. O estanho havia perdido 19% do valor.

A reviravolta está compensando para os investidores que continuaram aplicando em commodities, apesar das quedas anteriores.

"Obviamente, tivemos um pouco de prejuízo no final do ano passado, mas [as commodities] voltaram com tudo este ano", disse Carlton Neel, co-administrador do Virtus Alternatives Diversifier, um fundo mútuo com cerca de US$ 180 milhões em ativos. A visão de Neel quanto às perspectivas econômicas não era tão pessimista, e o fundo aumentou em 17,3% suas alocações em commodities em outubro e novembro, acima do nível de referência de 15%.

Em meio à recente recuperação, Ric Deverell, chefe global de pesquisa de commodities no Credit Suisse, chamou 2012 de "Ano da Recuperação", em uma nota de pesquisa divulgada em meados do mês. "O medo de um evento macroeconômico realmente grande não se concretizou", disse ele ao The Wall Street Journal. "Os preços haviam exagerado."

Não há dúvida de que a Europa e o resto do mundo continuam vulneráveis a fortes choques na economia que poderiam reduzir a demanda. Investidores e traders também reduziram suas aplicações em muitas commodities em 2011, e embora estas já tenham começado a subir este ano, o número de contratos em aberto de compra ou venda ainda está mais baixo, em muitos casos.

As commodities também são notoriamente voláteis, e alguns preços de metais recuaram esta semana. Enquanto alguns produtos que ficaram mais caros estão com a oferta restrita, ajudando a impulsionar os lucros, outros são relativamente abundantes, o que poderia prejudicar a recuperação. Mas mesmo alguns materiais que tiveram recentemente aumentos acentuados continuam muito abaixo dos pontos altos de 2011, que incluíram diversos recordes.

Mas por enquanto os preços de muitos materiais estão se beneficiando, à medida que os investidores, que entraram no ano se preparando para as piores notícias econômicas, agora contemplam resultados mais animadores.

A maior parte dos ganhos recentes ocorreu antes da divulgação, na semana passada, do plano do Federal Reserve, o banco central americano, de manter o juro baixo até 2014; mas essa iniciativa pode dar força à recuperação. Iniciativas similares do Fed nos últimos anos provocaram interesse em comprar blocos para construção industrial.

"Decididamente, vemos um impacto" exercido por esse anúncio do Fed, disse David Greely, estrategista-chefe de commodities do Goldman Sachs Group. Em especial, a decisão do Fed vai dar impulso ao ouro, considerado por muitos como uma proteção contra o risco de inflação; mas também vai animar aqueles que acreditam que a demanda por petróleo, cobre e outras commodities vai manter os preços altos, disse ele.

"Isso dá às pessoas mais confiança na recuperação econômica", disse Greely.

Alguns investidores estão apostando que haverá mais ganhos pela frente, acreditando que a economia dos Estados Unidos está ganhando força, ou que a China e outras economias asiáticas em rápido crescimento continuarão sendo consumidores vorazes das matérias-primas necessárias para se fabricar casas, carros, eletrodomésticos e eletrônicos de consumo.

"Continuamos muito otimistas quanto às commodities", disse Mark Iwamoto, presidente da Iwamoto, Kong Wealth Management Group, com sede em Irvine, Califórnia, que administra cerca de US$ 350 milhões para investidores privados. Iwamoto disse que ao entrar no quarto trimestre de 2011 a firma tinha cerca de 5% a 6% dos seus ativos em commodities, mas aumentou esse nível para 7% a 10% ao entrar em 2012. Outros estão seguindo o exemplo, acrescentou ele: "Alguns investidores estão retomando posições que liquidaram no final do ano passado".





Fonte: Valor Econômico
Foto: agroanalysis

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